quinta-feira, 5 de julho de 2012

FESTA EM PARATY!



Começou ontem, mulherada, a maior festa da literatura do Brasil. A FLIP chega ao seu 10o ano, virou referência internacional e colocou Paraty no mapa cultural brasileiro. Claro que não é sacrifício nenhum passar 5 dias ouvindo escritores e poetas, e caminhando pelas ruas de paralelepípedos desse paraíso tombado pelo patrimônio histórico. Milhares de pessoas vão ouvir grandes nomes como Ian McEwan, Jonathan Franzen, Zuenir Ventura, Enrique Vila Matas, Luis Fernando Veríssimo, Antonio Cícero, e tantos outros. 
Esse ano a FLIP faz uma homenagem especial à Carlos Drummond de Andrade. Um dos maiores poetas brasileiro (e um dos nossos maiores orgulhos!), Drummond era um gênio. Transitava em vários estilos, e conseguia como ninguém falar com simplicidade e profundidade ao mesmo tempo. Os sortudos que estiverem em Paraty ainda poderão conferir uma exposição especial sobre o poeta com o tema “Faces de Drummond - O poeta e seu avesso”. 
Para você não passar vontade, escolhemos um poema lindo para inspirar o dia. Afinal, a vida com poesia é muito mais bonita!
Não se mate
Carlos Drummond de Andrade
Carlos, sossegue, o amor 
é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija, 
depois de amanhã é domingo 
e segunda-feira ninguém sabe 
o que será.
Inútil você resistir
ou mesmo suicidar-se.
Não se mate, oh não se mate,
reserve-se todo para 
as bodas que ninguém sabe 
quando virão, 
se é que virão.
O amor, Carlos, você telúrico,
a noite passou em você, 
e os recalques se sublimando,
lá dentro um barulho inefável,
rezas, 
vitrolas,
santos que se persignam, 
anúncios do melhor sabão, 
barulho que ninguém sabe
de quê, 
pra quê.
Entretanto você caminha
melancólico e vertical.
Você é a palmeira, você é o grito 
que ninguém ouviu no teatro
e as luzes todas se apagam. 
O amor no escuro, não, no claro,
é sempre triste, meu filho, Carlos, 
mas não diga nada a ninguém, ninguém sabe nem saberá. 

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