TOMIE

Conhecida por suas pinturas e gravuras abstratas e esculturas gigantescas, a artista plástica Tomie Ohtake comemora hoje seu centenário de nascimento. Ainda ativa, o que pouca gente sabe é que a grande dama das artes plásticas no Brasil começou sua carreira apenas aos 39 anos de idade, em 1952. Até então, ela havia se dedicado à vida familiar e à criação de seus filhos, os arquitetos - igualmente consagrados - Ruy e Ricardo. 

Nascida no Japão, veio para nossas terras aos 23 anos de idade, para visitar um irmão imigrante. Com a Segunda Guerra Mundial, ficou impossibilitada de voltar e acabou se estabelecendo no Brasil. Mas as raízes japonesas permaneceram fortes em seu trabalho. Da arte japonesa, retira o abstracionismo e a capacidade de dizer muito, com pouco. E, como poucos artistas, consegue ser simultaneamente tradicional e visionária.

Ohtake também foi um dos pilares da segunda geração do Grupo Seibi, juntamente com Manabu Mabe e Tikashi Fukushima, entre outros. Formados por artistas plásticos naturais do Japão, mas com formação artística brasileira, eles foram responsáveis por obras que vieram na contramão da produção acadêmica da época e estabeleceram uma nova maneira de retratar a realidade, por meio de suas cores diferenciadas e o abstracionismo.

O conjunto de sua obra democráticas, com suas esculturas espalhadas por vários pontos da cidade de São Paulo, como os painéis de pastilhas que retratam as 4 estações, no Metrô Consolação, ou o Monumento à Imigração Japonesa (apelidado de tobogã), nos canteiros da 23 de maio, na altura do Centro Cultural Vergueiro.